terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

"Curada"? Só uma ilusão...!


Pois bem, cheguei em casa depois de passar pela consulta da cardiologista, que ótimo! Não tenho nada no coração, então a partir de agora não tem o porque eu me sentir mal, não ficarei mais nervosa e pronto, acabou!

Mas infelizmente não foi bem assim, neste mesmo dia resolvi ir à casa do meu namorado, tomei banho, liguei para ele e disse que estava indo até lá. Detalhe, ele morava no mesmo condominio que eu, no prédio do lado apenas, não era tão difícil ir até lá. Estava pronta, sentada na minha cama e comecei a perceber que estava ficando muito nervosa, e desta vez não sabia o porque, será que era pelo fato de eu estar prestes a sair de casa? Sair do meu cantinho? Não... nunca fui assim, sempre gostei de sair, de ver gente, de balada, tudo isso, e porque agora, do nada, estou sentindo medo disto? Estava confusa e fui ficando cada vez mais nervosa. Levantei, estava tremendo, com um frio na barriga, uma sensação esquisita, fiquei tonta, meu coração disparou, minha respiração ficou curta, achei que iria morrer mais uma vez, sai correndo do meu quarto e fui para a sala e gritei para minha mãe me ajudar, agachei no chão e afundei o rosto no sofá e fiquei ali, esperando aquele sensação passar e gritando muito. Minha mãe veio com o calmante natural que a médica cardiologista havia receitado, tomei, e fui me acalmando. mas denovo aquilo? A médica não tinha dito que eu estava bem de saúde? Que meu coração não tinha nada? Será que ela estava enganada, eu ainda não tinha feito os exames que ela pedira, podia ser que desse algo. Ai Meus Deus, entrei em desespero denovo.

Fui deitar, minha mãe ligou para o meu namorado e pediu que ele viesse em casa, ele veio, mas ficou pouco, eu não conseguia nem conversar, pedi que ele fosse embora, queria descansar!

E assim passei o fim de semana, mal, com medo de morrer, tendo crises mais fracas, mas tendo.

Passei dias na cama, dentro do meu quarto, só sai para fazer os exames e ir a igreja, que minha mãe insistiu para que eu fosse. Não sou religiosa, sou católica por batismo, mas nunca frequentei igreja, mas como minha mãe insistiu eu fui. Ah, como foi horrível, fui a muito custo, tremendo dos pés à cabeça, não conseguia mais sair de casa direito, cheguei na igreja, entrei, sentei, fui orar no santíssimo, nunca orei assim, mas nessas horas a gente pede ajuda a qualquer um, e a Deus também, quem sabe ele poderia me ajudar né?

Minha mãe foi pedir que o padre me benzesse, mas ele estava ocupado e tivemos que esperar um pouco, mas que espera demorada essa, comecei a entrar em parafusos, tive uma crise bem forte dentro da igreja, as pessoas que lá estavam olhavam para mim assustadas e eu lá tremendo, passando muito mal, comecei a pedir pelo amor de Deus para minha mãe para podermos ir embora, ela se levantou e ao invés de sair ela entrou para falar com o padre denovo e eu fiquei ali no banco sentada sozinha, ai pronto, passei mal como nunca havia passado antes, acho que foram os 5 minutos mais longos da minha vida. Derepente mamãe apareceu e me chamou, levantei e fui ao encontro do padre que me banzeu e disse que eu ficaria boa logo. Fomos embora, assim que sai da igreja já me deu um alívio imediato, respirei fundo e esperei o meu pai chegar com o carro para nos levar embora.

Papai chegou, entrei no carro e deitei no banco de atrás, chorei muito, meus pais estavam muito assustados comigo, sofrendo junto, era complicado.

Chegamos em casa, fui direto pra cama, o único lugar onde eu me sentia bem de verdade, e dormi. Depois das crises fortes me batia um sono e um cansaço incontroláveis e ai eu dormia muito.

Esse foi o meu primeiro fim de semana com o Pânico, foi trsite, mas digo que não foi o pior, ainda tinha muitas coisas para acontecer, mal sabia eu !

Continua...

domingo, 17 de fevereiro de 2008

O dia seguinte


O dia amanheceu, acordei, dormi bem durante a noite, sono tranquilo. Mas acordei, e percebi que o pesadelo não havia passado, eu ainda sentia medo, medo de sentir "aquilo" outra vez. Me vi sozinha em casa, meus pais tinham ido trabalhar, eu sempre fiquei sozinha em casa e sempre adorei essa liberdade, mas desta vez era diferente, não me sentia livre e nem a vontade ali sozinha. Levantei, fui ao banheiro e depois à cozinha para comer algo e ai percebi que meu estômago estava meio embrulhado e resolvi voltar para o quarto sem comer nada, liguei a TV para tentar me distrair, mas foi em vão, nem conseguia prestar atenção no que estava se passando. Resolvi ligara para o meu namorado da época, contei a ele o que tinha acontecido, mas no momento ele não podia me ajudar, estava no trabalho. Liguei para minha mãe, disse q não me sentia bem, meu coração estava acelerado, estava mal, eu ainda pensava que estava sofrendo de algum mal cardíaco, e este pensamento me deixava muito aflita, achava que precisava voltar ao hospital ou marcar alguma consulta no cardiologista, enfim, precisava de atendimento médico, não era possível se sentir tão mal assim sem nenhum motivo físico aparente.
Mãe é mãe, ela estava começando a se preocupar e muito, ligou para o meu pai que logo em seguida me ligou para saber o que estava contecendo, disse que não me sentia bem, estava tonta, coração acelerado, sensação de que iria ter um infarto ou uma parada cardíaca a qualquer momento e morrer. Esta idéia era de deixar qualquer um apavorado, e era assim que eu me sentia, simplesmente apavorada. Comecei a chorar no telefone, chorar não, a berrar, e pedi para que meu pai viesse ficar comigo, e ele veio, largou o serviço e veio ficar ao meu lado. Logo que papai chegou me senti aliviada, alguém de confiança estava ali ao meu lado e não deixaria nada de mal acontecer, se acontecesse me socorreria de imediato. Mas que mal era esse que tanto me afligia? Nem eu sabia bem o que era, só sabia que era ruim, muito ruim.
Fiquei um tempão deitada na cama agarrada ao meu pai pedindo para ele me ajudar e ele sempre dizendo para eu me acalmar pois não tinha nada, estava apenas nervosa demais. Mas era difícil controlar, que nervoso era esse que eu não conseguia controlar? Não é possível, deve ser alguma doença física sim, é meu coração, ele pode parar a qualquer momento. Ai Meu Deus, me ajude!
Tocou o telefone, era minha mãe, disse que tinha marcado uma consulta em uma cardiologista e que era para nós, eu e meu pai, ir ao consultório imediatamente.
Ir ao médico era o que eu mais queria naquela hora, mas por incrível que pareça comecei a ficar muito nervosa só de pensar em ter que sair de casa, principalmente porque teríamos que ir de ônibus, nossa, comecei a passar mal. Foi ai que meu pai pediu a ajuda de uma amiga nossa que nos levou até o consultório de carro, fui mais tranquila, porém bem agitada.
Chegamos ao consultório e a enfermeira já me levou direto a sala para fazer um ecocardiograma, eu não conseguia parar quieta, deitei na maca e comecei a tremer, falava sem parar, e o pior é que para se realizar este exame você precisa ficar quieta e imóvel, mas tava difícil, enfim, fiz o exame e ela pediu para eu aguardar a médica chamar. Fui até a sala de espera e fiquei ali ao lado do meu pai, balançando as pernas sem parar, sentindo a pulsação por todo meu corpo, umas ondas de calor que vinham do nada, um incomodo sem fim. Mas ao mesmo tempo me sentia bem sabendo que estava perto de um médico, e que tinha acabado de realizar um exame para saber se meu coração estava bem, as vezes tinham vontade de morar num hospital, ficar longe dele me parecia um pouco perigoso.
Ouvi meu nome, a médica tinha me chamada para entrar no consultório, me senti aliviada naquele momento, entrei, sentei na cadeira e comecei a contar tudo o que havia acontecido naquelas últimas 24 horas. Ela pediu para que eu deitasse na maca e começo a me examinar, auscultou meu coração de todas as maneiras, demorou até um tempo, e nisso eu relaxei por saber que um médico estava ali me supervisionando. Acabado o exame ela pediu para que sentasse na cadeira outra vez e disse:
- Raquel, seus eletros, tanto o de ontem, do hospital, como o de hoje estão normais, seu coração só está acelerado, por nervoso. Sua pressão está levemente alterada pelo nervoso também. Vou pedir exames de sangue para checar sua tireóide e um ecocardiograma, mas tenho a certeza absulota de que não vai dar nada de anormal. Vou te prescrever um calmante natural, não quero que você desenvolva a SÍNDROME DO PÂNICO, que é o que está parecendo que esta acontecendo com você. Quando se sentir mal tome o remédio, é natural e não tem problema, quero evitar que você precise de remédios mais fortes, e depois consulte um psiquiatra, ele saberá te ajudar melhor.
Agradeci a consulta e sai de lá. Mais uma vez escutei a palavra Pânico e Psiquiatra. Voltei para casa mais convencida de que meu problema era mesmo este e que deveria manter a calma, pois não iria morrer. Me acalmei e me senti melhor. Será que estava "curada", era só pensar que nada de mal iria me acontecer e ai eu não me sentiria mais nervosa, não teria mais nenhum mal-estar. Que ótimo. Estava me sentindo bem !
Continua..

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Sorte?!? Talvez...



Assim como algumas pessoas comentaram no post anterior, realmente, talvez eu tenha tido a sorte que muitos não tiveram, estar próxima à pessoas que entendiam sobre o assunto e ser consultada por médicos que também já tinham tido a experiencia com a Síndrome do Pânico.

Depois de ter tido alta do hospital, fui para a casa de minha avó materna, queria ter ido direto para a minha casa, mas estava sem forças para dar qualquer tipo de opinião. Cheguei por lá e vovó assustada queria saber o que tinha ocorrido, minha mãe explicou o que acontecera e vovó ficou um pouco preocupada, mas dizendo palavras confortantes como:
- Calma filha, fica bem, você não tem nada, é jovem e todos te amam!
Nessas horas de aflito é muito bom ouvir essas palavras ditas por pessoas que amamos muito, me senti amparada!
Estava um pouco dopada pela medicação que tinha recebido no hospital, e assim. fui direto deitar na cama de minha avó e adormeci. Como era bom dormir, o sofrimento acabara nesta hora, era um alívio imenso, uma sensação de paz nunca sentida antes por mim.
Acordei logo em seguida, não conseguira dormir muito, sobressaltada e assustada, não estava em crise mais, porém ainda sentia uma sensação incômoda, um desconforto, como se ainda estivesse sonhando, um pesadelo na realidade. Chamei minha mãe, começamos nós três, eu, mamãe e vovó a conversar, mas eu ainda estava estranha, com medo de sentir tudo aquilo novamente e com estes pensamentos desatei a chorar. Fui abraçada pelas duas, era bom sentir as pessoas próximas a mim, sentir o abraço, a pele, tinha a sensação de que isto me salvaria de algo ruim. Mas que "algo" era este meu Deus?
Resolvemos ir para casa, eu e minha mãe, despedi-me de minha avó e saimos. Como era estranho estar na rua agora, era tudo tão grande, quanta gente, quanto carro, era assustador. Que sentimento era este? Estava eu com medo de que? Nunca tive medo de sair, muito pelo contrário, odiava ficar em casa, adorava sair com meus amigos, ver gente, conhecer pessoas novas, mas neste momento tudo o que eu queria era minha cama e ficar sozinha apenas com minha mãe ao meu lado. Pensei que isto iria passar logo, estava apenas assustada com o que tinha ocorrido, amanhã estarei melhor e voltarei a vida normal. Ai Deus, que ilusão!
Chegamos em casa, fui para o meu quarto deitar, era bom sentir-me em casa, era seguro estar ali no meu quarto, me senti um pouco enjoada ainda e tomei um remedinho para náuseas, como muitos devem saber, esses remedinho dão um sono tremendo, e adivinha? Adormeci mais uma vez. Ai que delícia era dormir, esquecia de todas as coisas ruins que teimavam em não sair mais da minha cabeça.
Em pouco tempo levantei outra vez, e acreditem, sabe aquele bolo na garganta? Ainda estava lá e agora um pouco mais forte, aquilo estava me irritando, será que estaria com algum problema na garganta, esôfago, na glândula tireóide? Comecei a imaginar o que poderia ser, pensei em tanta doença ao mesmo tempo que comcei a ficar nervosa novamente, meu coração acelerou mais uma vez e fiquei inquieta. Já era fim de tarde e fui até a sala falar com minha mãe:
-Mãe, não to legal, esse bolo na garganta..., o médico nem me examinou.
- Isso é nervoso filha!
-Não sei, acho que estou com algo mais grave. Quero voltar pro hospital!
Voltar pro hospital? Imaginei que foi esta frase que passou pela cabeça de minha mãe, e deve ter sido mesmo. Ela não queria me levar novamente, para que? Ela sabia o que estava ocorrendo, mas eu ainda não estava convencida, precisa saber com certeza.
Pegamos o carro e lá estávamos outra vez no mesmo hospital de onde há poucas eu tinha saido. Pedi na recepção para passar com um clínico geral.
Ouvi meu nome e denovo estava eu na sala de triagem tirando a temperatura e pressão arterial que desta vez estava normal 12X8 mmHg. Entrei no consultório e relatei tudo o que tinha sentido de manhã para este novo médico, ele me examinou e pedi para ele dar uma olhada na minha garganta, olhou por olhar só, para tirar caraminholas da minha cabeça e disse que na garganta eu não tinha nada, no coração eu não tinha nada, não tinha nada físico aparentemente ao exame clínico. Pediu-me para sentar na cadeira novamente e falou:
- Não vou receitar nenhum remédio porque você não tem nada. Mas peço que você marque uma consulta com um Psiquiatra.
Pensei: " outra vez esta história de Psiquiatra? Devo mesmo estar ficando louca."
Saí de lá um pouco frustrada, eu tinha que ter alguma coisa, por mais que eu conhecesse a tal crise de pânico era difícil de acreditar que era isso o que eu tinha, para mim ainda tinha algo físico e que precisava ser descoberto logo, antes que fosse tarde demais.
Voltei para casa com a cabeça à mil, só pensava coisas ruins, besteiras e o sentimento de morte a todo vapor. Nossa como era ruim isso, porque tantos pensamentos assim? Eu não tinha controle sobre eles, não conseguia me concentrar em outra coisa qualquer.
Voltei para casa, fui deitar com meus pais, nesta hora papai já estava em casa e a par de tudo o que ocorrera, adormeci e desta vez só acordei no dia seguinte.
Continua...

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

A Via-Sacra médica inicia-se...


Minha mãe chegou à faculdade , tive que ser carregada por três pessoas até o carro onde mamãe estava parada em frente ao portão principal, não sentia mais minhas pernas, era impossível caminhar sozinha.
Entrei no carro e por incrível que possa parecer Ela me olhou com um sorriso nos olhos e lábios, era um sorriso confortador de quem sabia o que estava se passando comigo, inevitavelmente comecei a chorar, aquela sensação era desesperadora demais para mim, eu ainda acreditava que iria dessa para uma melhor à qualquer momento.
Mamãe foi dirigindo em direção ao hospital, o caminho parecia ser mais longo do que realmente é, e o desespero foi aumentando, não sabia ao certo o que estava acontecendo comigo, na minha cabeça eu estava tendo um ataque do coração ou algo parecido. Mas que ataque era esse que não passava, mas também não piorava, nada acontecia, nem um desmaio sequer, apesar da forte sensação de síncope. A única coisa que piorava mesmo era aquele sentimento de horror dentro de mim.
Chegamos ao hospital, e naquele momento senti um pequeno alívio por saber que me encontrava em um local onde poderia ser socorrida por pessoas que sabiam o que eu tinha ou que tentariam descobrir.
Entrei na recepção do pronto-socorro praticamente carregada por minha mãe, todos que lá estavam voltaram os olhares em minha direção e neste exato momento mais uma onda de pânico e terror tomou conta do meu corpo, aquele mal-estar louco tinha voltado com tudo. Me debrucei no balcão de atendimento da recepção e disse com voz ofegante quese sem ar:
- Por favor, é urgente, me atenda agora, estou morrendo!
Meu coração quase saiu pela boca neste momento.
As enfermeiras me encaminharam à sala de triagem do pronto-socorro onde seria medida minha temperatura e Pressão Arterial. Sentei na cadeira, a sala estava vazia e lá se encontrava apenas eu e uma enfermeira que me olhava muito assustada, mamãe estava na recepção abrindo minha ficha. A enfermeira questionou enquanto tirava a minha temperatura:
- O que a senhora está sentindo?
E eu respondi com voz chorosa sem saber o que responder na verdade:
- Não sei, só sei que não quero morrer!
Assustada, a enfermeira não falou mais nada e começou a tirar a minha pressão. Lembram-se quando falei no post passado que a enfermeira da faculdade fez eu baixar a cebça pensando que eu havia tido uma queda de pressão? Pois é... minha pressão estava 16X10 mmHg, muito alta para minha idade e para qualquer pessoa na verdade, o normal como todos sabem é por volta de 12X8 mmHg. Na mesma hora a enfermeira gritou, encaminhem-na para a Cardiologia. Pensei:
" Cardiologia? Meu Deus eu estou mesmo tendo um ataque cardíaco!"
Pronto, foi a gota d´água para meu desespero ir ao ápice total, comcei a chorar, esperniar, e pedir para não morrer. O médico demorou um tempo para me atender, ele estava em uma emergência. Essa demora foi eterna, eu agarrava minha mãe com a sensação de que ela impediria de que algo muito ruim acontecesse comigo.
O médico chegou, chamou outra pessoa que estava na minha frente, me desesperei, porém momentaneamente, a pessoa percebeu meu estado e pediu para que o médico me passasse na frente dela, nem consegui agradece-la, não tinha cabeça para isto naquele momento. Entrei no consultório, sentei na maca e disse pela milésima vez no mesmo dia:
- Doutor me ajuda, não me deixa morrer, por favor faça algo!
E ele disse:
- Fique calma, você já está no hospital, eu sou o médico e aqui nada de ruim irá acontecer, estou aqui para te ajudar!
Hoje percebo que este médico tinha uma certa psicologia e desconfiança do que eu realmente tinha.
Me examinou e auscultou meu coração que estava aceleradíssimo e imediatamente me encaminhou ao exame de eletrocardiograma. Deitei na maca para o exame e percebi que não conseguia parar de tremer, e o pior era que precisava ficar imóvel para a realização do exame. Nossa, foi muito difícil! Na mesma hora o médico disse:
- Raquel, seu coração está normal, só está acelerado, como se você tivesse levado um susto muito grande. Mas fique tranquilo que você não está tendo um ataque do coração!
Fui encaminhada à sala de observação, onde fiquei um tempo deitada tomando soro na veia e tomei um calmante prescrito pelo mesmo médico. Passados 30 minutos eu estava leve novamente, até com sono, uma sensação de cansaço e ao mesmo tempo de grande alívio, como se tivesse tirado um peso muito grande de mim!
Foi feito outro eletrocardiograma antes do doutor me dar alta, já neste exame meu coração estava normalíssimo, perfeito! Mas, antes de sair do hospital o doutro me recomendou:
- Vá para casa e descanse. Depois marque um cardiologista e peça exames de sangue e ecocardiograma para tirar qualquer dúvida existente, porém em meus anos de prática clínica observo que seu caso está mais direcionado à Psiquiatria, marque uma consulta com um Psiquiatra também, irá te ajudar. Uma coisa tenho certeza, você acabou de ter uma crise de PÂNICO!
Continua...

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

O início de um PESADELO...


Dia 17 de Junho de 2005, 10 horas da manhã...
Um dia normal, como qualquer outro, até que bonito, ensolarado, porém com uma brisa gostosa, daquelas que batem na manhãzinha de um dia fresco, sabe?
Estava aliviada por ser o último dia de aula na faculdade, mas ainda tínhamos que terminar um trabalho de estágio, eu e mais duas colegas, um sufoco. Estava preocupada também, já que minha avó paterna estava já há algum tempo internada no Hospital das Clínicas por ter fraturado o osso do fêmur em uma queda na sua própria casa, queda esta que não foi por acaso e sim por um desequilibrio em sua pressão arterial, o que mais tarde no mesmo quarto de hospital a levou a um infarto do miocárdio, tendo assim diversas paradas cardíacas e logo em seguida um coma, coma este que a levou para sempre.
ERA um dia normal, fora essas minha preocupações, trabalho e vovó. Confesso que há alguns dias não vinha me sentindo bem, desde que minha vó foi para o hospital, não sei o porque, mas isto mexeu demais comigo, me sentia estranha na rua, mas em minutos o mal-estar passava, não levei muito em consideração. Mas depois veio um desconforto que chegou a me incomodar, tanto que comentei com minha mãe e meu namorado na época, era um bolo na garganta que as vezes não me deixava engolir direito, estava começando a me irritar com isto.
Mas naquela manhã na faculdade o bolo na garganta me irritou profundamente, me deu uma agonia, uma vontade imensa de chorar, neste momento estava a frente de um computador na sala de informatica da faculdade e tive que sair de lá pedindo licença as minhas amigas que lá estavam comigo terminando o bendito do trabalho. Fui ao banheiro e levei meu telefone celular junto, entrei, abaixei a tampa do vaso, tranquei a porta e sentei, comecei a chorar, não sabia o que estava acontendo comigo, era uma sensação muito estranha, sensação que eu nunca tinha sentido antes, resolvi ligar para minha mãe, sabe como é, nessas horas nada melhor do que ouvir a voz da pessoa em que mais confiamos. Liguei, o telefone tocou e ela atendeu, estava no escritório trabalhando:
- Mãe, não estou me sentindo muito bem hoje, estou com uma agonia, um bolo na garganta, uma vontade de chorar, parece que algo muito ruim vai acontecer!
- Calma filha, quer que eu vá até ai te buscar?
- Não mãe, não precisa, estou somente aflita eu acho, mas estou bem, não tenho nenhuma dor, só preciso chorar!
- Tem certeza filha? Mamãe já sentiu isso também, se quiser saio daqui agora e vou te pegar!
- Não mãe, não precisa. Qualquer coisa te ligo mais tarde.
- Está bem!
- Beijo mãe!
- Beijo filha!
Quando minha mãe disse que já havia sentido isso antes ela sabia muito bem do que estava falando, mas não quis me dizer ao certo o que era para não me assustar mais, mas ela sabia que eu estava propensa a naquele minuto ter um ataque de pânico, assim como ela já tinha tido há uns dois anos atrás!
É, e foi naquele instante, em que comecei a caminhar de volta a sala de informática que tudo começou, que minha vida mudou, que o pesadelo se iniciou. Mal sabia eu que nunca mais seria a mesma, eram os últimos minutos da antiga Raquel.
Sai do banheiro, comecei a caminhar, mas a angustia em poucos segundo começou a virar medo, um sensação esquisita, parecia um sonho, estava meio tonta, não sentia bem meu corpo, parecia que estava flutuando, as pessoas a minha volta pareciam muito estranhas, até esbarrei em algumas, mal conseguia subir uns poucos degraus que tinham, o que estava acontecendo comigo? Comecei a pensar que iria morrer, ou ter um ataque do coração assim como minha avó havia tido. Meu Deus, estou morrendo!
Ha apenas alguns passos da sala de informática minha visão escureceu, tudo rodou, pensei que iria desmaiar, já estava até me apoiando na parede para não cair e bater com a cabeça no chão, entrei na sala, fui correndo até minhas colegas e disse:
- Me ajuda, estou morrendo!
Neste momento várias pessoas olharam assustadas para minha cara, eu estava branca, pálida, tremia mais do que vara verde, meu coração... nossa meu coração acelerou de uma tal maneira que eu nunca tinha sentido antes, a boca secou, me veio um enjoo, um mal estar. E o pior, eu tinha a certeza de que estava morrendo!
Abracei minha colega e disse:
-Por favor, me ajuda, estou morrendo, não me deixa morrer agora, eu não quero!
Coitada da minha colega, eu agarrava tanto ela que devo até ter machucado seu braço.
Todos tentavam me acalmar, porém em vão, nada me acalmava. Como se acalmar tendo a certeza nítida de que se está morrendo? Impossível!
Ligaram para minha mãe e adivinha? Ela já estava saindo do escritório antes de saber que eu estava em crise, ela já sabia que eu teria uma! Meu pai também ficou sabendo e ligou preocupado, mas já tendo a quase certeza de que eu estaria com o mesmo problema que tinha afetado minha mãe há um tempo atrás!
Mas aquela sensação horrível não passava, me deram água com açúcar, me abanaram, uma enfermeira fez até eu abaixar e cabeça pensando ser uma queda de pressão, mas queda de pressão não causa tanto horror e tanto medo assim. Foi ai que pensei:
" Meu Deus, será que estou tendo uma crise de pânico?"
Continua...

Início


Em breve estarei contando o meu dia-a-dia depois que me tornei uma portadora da síndrome do pânico.


Espero poder ajudar muitas pessoas com este blog!


Até mais!


Bjos =]